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Astro de ‘O Território’, Bitaté Uru-eu-Wau Wau, declara: ‘Decisões tomadas na COP-26 excluíram os indígenas’

Conhecido por sua atuação no longa-metragem ‘O Território’, do diretor estadunidense, Alex Pritiz, o rondoniense, Bitaté Uru-eu-Wau Wau, de 23 anos, tem unido o ativismo ambiental, coordenando a Associação Jupaú e, agora debutando no Jornalismo. Em um dos seus primeiros escritos, Bitaté, do povo Uru-eu-Wau Wau, de Rondônia, o ‘bita’ escreveu sobre o que ele acredita ter acontecido na COP-26.

No evento, corrido em 2021, em Glaslow, a ativista, Txai Suruí foi alçada ao posto de a primeira mulher indígena e brasileira a discursar na cerimônia de abertura para autoridades do mundo. Na época, a exposição da (Walela Soet Xeige) somou-se a uma avalanche de críticas, principalmente partindo do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) que na ocasião foi descrito como o vilão da Amazônia.

Publicado pela agência de notícias, Amazônia Real, o artigo de Bitaté pontua a indignação dele quanto ao que sucedeu no evento. Segundo o jovem, percebeu uma espécie de ‘espetacularização’ da cerimônia que acabou excluindo (quem de fato sofre as consequências) dos desastres.

“A nossa avaliação como indígena foi que a COP só foi decidida pelos e para os mais ricos, não pela minoria que ali estava presente como indígenas, quilombolas e pessoas de periferias. Estamos passando por um retrocesso até de outros países que ainda não veem as mudanças climáticas como um risco para a humanidade e a biodiversidade do planeta”, descreve Bitaté ao Amazônia Real.

Bitaté, segue o texto afirmando que os indígenas foram pouco ouvidos e, quando aconteceu, não “teria sido o suficiente para destacar seus direitos”. Quanto a frear o desmatamento até 2030 como prometido pelo governo brasileiro, o indígena não acredita que isso seja possível.

Segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon), o desmatamento na Amazônia em 2021, foi o maior em 15 anos. Ainda de acordo com o Instituto, nos quatro anos do governo Bolsonaro, a Amazônia perdeu 35.193 km², superando em mais de 150% os quatro anos anteriores ao governo dele.

No artigo, financiado pelo Rainforest Jornalismo Fund e a Pulitzer Center, Bitaté segue declarando a sua experiência na COP.

“Tive uma experiência muito boa, mas também ruim com as grandes organizações, vimos que não favoreceram tanto a causa indígena. Tentamos pressioná-los o máximo possível”, explica ele.

Lançado em 2021, o longa-metragem “O Território” obteve destaque ao ser apresentado nos grandes festivais internacionais. A obra chegou a ser pré-selecionada ao Oscar. Na película, Bitaté Uru-eu-Wau Wau é um dos personagens principais da história que aborda de forma humana a luta do povo indígena Paiter Suruí para salvar o Território Sete de Setembro da ação de grileiros, madeireiros e dos piratas da terra, na região de Cacoal em Rondônia. Durante a trajetória, The Territory conquistou cerca de 32 prêmios. A crítica pontua o longa-metragem como uma das obras mais bem sucedidas ao retratar o tema meio ambiente.