Parlamentares bolsonaristas caíram numa armadilha: o governo quer sim uma CPMI
Se o governo quisesse desde o início uma CPI ou CPMI (mista) não teria conseguido as assinaturas necessárias para a sua instalação. Embora necessária para apurar os atos anti-democráticos ocorridos em 8 de janeiro, a CPMI, em primeiro momento não interessava ao governo porque o objetivo, o foco no momento são os projetos que estão para serem votados no Congresso Nacional.
Mas, como os parlamentares da oposição fizeram questão, a CPMI será lida na próxima quarta-feira, 26 e instalada em 20 dias. Até lá o governo deverá conseguir aprovar os projetos e decretos, dentre eles o arcabouço fiscal. A instalação da CPMI é um presente para o governo Lula. É impressionante que ela só será efetivada graças ao apoio da oposição.
É a primeira vez que criminosos insistem serem investigados. É algo novo na política brasileira. Se a moda pega…
As imagens divulgadas pela CNN na semana passada nada mais, nada menos, provaram que o governo não tinha “infiltrados” nos atos terroristas, muito pelo contrário. O que se viu foram militares ligados ao governo anterior interagindo com os terroristas, inclusive servindo água. O ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, parecia uma pata tonta nas imagens. Uma verdadeira pomba lesa. O coitado foi injustamente ligado aos atos como cúmplice.
Mais imagens foram liberadas após o ministro Alexandre de Moraes tirar o sigilo delas. As novas imagens que estão sendo divulgadas e serão mostradas também no programa Fantástico de hoje, mostram que não tinha infiltrado petista como a oposição insiste haver. O que elas mostram em abundância é que os terroristas são todos ligados à Bolsonaro.
A jornalista Míriam Leitão, em artigo publicado no jornal O Globo neste domingo (23), afirma que “o Brasil, a democracia, e o governo Lula (PT) foram vítimas no episódio de 8 de janeiro. Essa é a única verdade factual”. No entanto, ela aponta: “por incrível que pareça, o governo está se deixando ficar na defensiva, pela série de erros estratégicos que cometeu”.
O ministro interino do GSI, Ricardo Capelli criticou a tentativa da oposição de tentar jogar no governo Lula (PT) a culpa pelos atos ocorridos em Brasília no início do ano. “Eu sei o que vi e ouvi comandando as tropas no dia 8/01. Não é possível falsificar os fatos criando uma narrativa ‘a-histórica’ como tentam fazer extremistas terraplanistas. Onde estão Heleno e Braga Netto? Se há um general conspirador e golpista, certamente não é o honrado G. Dias”.
Ricardo Cappelli, informou na manhã deste domingo (23) que foram disponibilizadas na íntegra as imagens captadas pelo circuito interno do Palácio do Planalto.
Para tanto, o órgão criou um site cujo endereço é https://drive.presidencia.gov.br/public/615ba7
Enfim, a CPMI virá com tudo. O governo emplacará na CPMI os senadores pitbull Randolphe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), os carrascos da CPI da Covid. Isso sem falar no eloquente deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). Eles colocarão ordem nos golpistas bolsonaristas. Renan diz que dará voz de prisão a qualquer golpista que tumultuar a CPMI: “Mando algemar”, afirmou.
O melhor de tudo é que a oposição, ou seja, quem propôs a CPMI terá pouco espaço na composição. Os governistas devem indicar o presidente e o relator da CPMI dos Golpistas. Vai mexer com quem está quieto, vai. Mexeram com um vespeiro e agora aguentem.
Enfim, existem um milhão de imagens que colocam Bolsonaro na cena do crime e nenhuma que implique o governo nesses atos. No máximo punir o governo por não ter sido mais atento aos sinais que indicavam que haveria naquele 8 de janeiro uma tentativa de golpe militar. O governo confiou no GDF e relaxou. No entanto, o GDF na pessoa do governador Ibaneis Rocha (MDB), fazia parte do golpe.
Dias antes dos atos golpistas o GDF se reuniu com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e ficou acertado que os manifestantes não teriam acesso à Esplanada dos Ministério, muito menos à Praça dos Três Poderes. Porém, as 23 horas de sábado (um dia antes dos ataques), saiu no site Metrópoles que Ibaneis mudou os planos sem comunicar à Flávio Dino, que os manifestantes iriam sim adentrar à Esplanada dos Ministérios. Entraram e, pasmem, com escolta da Polícia Militar do Distrito Federal.
Pego de surpresa, Flávio Dino tentou, em vão, se comunicar com o governador Ibaneis Rocha, só conseguindo uma resposta às 11 horas da manhã de domingo. Na ocasião, Ibaneis disse à Dino que os protestos seriam pacíficos. Por ingenuidade talvez, Flávio Dino esperou os tais protestos pacíficos e o que ocorreu foi exatamente um dos maiores atos violentos da história política do Brasil após o golpe de 64.
Bem, os fatos estão aí. As imagens não deixam mentir. A CPMI será a pá de cal que faltava para provar que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o mentor intelectual da tentativa de um golpe, com anuências do Exército Brasileiro e de parlamentares eleitos em 2022. Bolsonaro tem que se tornar não só inelegível, mas condenado à prisão pelos males que causou à democracia e ao povo brasileiro.
Com informações do Brasil 247
